04/04/2023

Como selecionar um sensor de temperatura adequado?

Tempo de leitura: 4 minutos

Sensores de temperatura são amplamente utilizados em diversas aplicações, como em processos industriais, monitoramento ambiental, sistemas de refrigeração, fundições, alimentício, entre outros. A seleção adequada do sensor é fundamental para garantir a precisão e a confiabilidade das medições. Neste artigo, serão abordados alguns aspectos importantes a serem considerados na seleção de um sensor de temperatura.

Faixa de temperatura e tipo de sensor

O primeiro passo na seleção de um sensor de temperatura é identificar a faixa de temperatura em que ele será utilizado.
Existem diversos tipos de sensores de temperatura, como termopares, termoresistências (RTD), termistores, entre outros, cada um com características específicas e com suas vantagens e desvantagens.

  • Termopares: são sensores que geram uma tensão (mV) quando há uma diferença de temperatura entre as duas extremidades do dispositivo. São amplamente utilizados devido à sua simplicidade e baixo custo, mas podem ter uma precisão limitada em baixas temperaturas. Existem vários tipos de termopares, cada um com sua própria curva de calibração e faixa de temperatura de operação. Alguns dos tipos mais comuns incluem:

    • Tipo J: Fe-CuNi (ferro-constantan) é usado para medições em faixas de temperatura de -210 a 760 °C. É menos preciso que o tipo K, mas tem uma resposta mais rápida às mudanças de temperatura.
    • Tipo K: Ni-Cr-Ni (níquel-cromoníquel) é o tipo mais comum de termopar. É usado em uma ampla faixa de temperatura de -270 a 1370 °C e tem boa precisão e estabilidade a altas temperaturas.
    • Tipo T: Cu-CuNi (cobre-constantan) é usado para medições em faixas de temperatura de -270 a 400 °C. É preciso e estável a baixas temperaturas, mas não é adequado para temperaturas acima de 350 °C.
    • Tipo E: Ni-Cr-CuNi (níquel-cromoníquel-cobre) é usado para medições em faixas de temperatura de -270 a 1000 °C. É preciso e tem boa estabilidade a altas temperaturas, mas tem uma resposta mais lenta às mudanças de temperatura do que o tipo K.
    • Tipo N: Ni-Cr-Si, Ni-Si-Mg (níquel-cromoníquel-silício, níquel-silício-magnésio) é usado para medições em faixas de temperatura de -270 a 1300 °C. É um termopar de alta precisão e estabilidade, mas é menos comum e mais caro do que outros tipos de termopares.
    • Tipo S e R: Pt-Rh (platina-ródio) são usados para medições em faixas de temperatura de 0 a 1480 °C. São termopares de alta precisão e estabilidade, adequados para medições em altas temperaturas, mas são mais caros do que outros tipos de termopares.
  • RTDs (Termoresistência PT-100): são sensores que utilizam a mudança da resistência elétrica do material em relação à temperatura. A resistência elétrica de um RTD aumenta linearmente com a temperatura e é comumente medida usando um circuito de ponte de Wheatstone. O PT-100 é um tipo comum de RTD que consiste em um fio de platina com um diâmetro de 0,1 mm e uma resistência de 100 ohms a 0 °C. Os RTDs são mais precisos que os termopares, mas costumam ter um preço mais elevado. Eles são adequados para medições de temperatura de -250 a 650 °C, mas podem ser usados em temperaturas mais altas com cuidados especiais. A faixa de temperatura e a precisão do RTD dependem do material usado e da configuração do sensor.

  • Termistores: são sensores que utilizam a mudança da resistência elétrica do material com a temperatura, mas em uma escala não linear. Eles são mais precisos em baixas temperaturas do que os RTDs, mas a sua precisão é limitada em altas temperaturas. A faixa de temperatura dos termistores pode variar dependendo do tipo e da especificação do sensor, mas geralmente estão na faixa de -100 a 300 °C. Eles são comumente utilizados em aplicações em que a precisão em baixas temperaturas é mais importante do que a precisão em altas temperaturas.

  • Pirômetros ópticos: são sensores que medem a radiação infravermelha emitida por um objeto. São ideais para medir a temperatura de objetos muito quentes ou em movimento, mas podem ser afetados por fatores ambientais, como a presença de poeira no ambiente. A faixa de temperatura dos Pirômetros ópticos varia conforme o modelo e a especificação do sensor, mas, em geral, pode chegar a milhares de graus Celsius. Eles são comumente utilizados em indústrias siderúrgicas e metalúrgicas para medir a temperatura de metais fundidos, bem como em aplicações aeroespaciais e militares.

Exatidão e precisão

Além da faixa de temperatura, é importante verificar a exatidão e a precisão do sensor. A exatidão se refere à proximidade entre o valor medido e o valor real da temperatura, enquanto a precisão se refere à repetibilidade das medições. É importante escolher um sensor que atenda às exigências de exatidão e precisão da aplicação.

Condições ambientais

As condições ambientais onde o sensor será utilizado também devem ser consideradas. Fatores como umidade, vibração, corrosão, entre outros, podem afetar o desempenho do sensor e comprometer a precisão das medições. Portanto, é importante avaliar as condições ambientais e escolher um sensor, que seja adequado para a aplicação em questão. Em alguns casos, o ideal é utilizar formas de proteger o sensor, como, por exemplo, poço de proteção termométricos.

Limitações de espaço

Outro aspecto importante a ser considerado é a limitação de espaço para a instalação do sensor. Dependendo da aplicação, pode ser necessário escolher um sensor com dimensões reduzidas ou com um formato específico para se adequar ao espaço disponível.

Custo e necessidades do projeto

O custo do sensor também deve ser considerado, bem como as necessidades específicas do projeto. Em alguns casos, pode ser necessário investir em um sensor de maior custo para garantir a precisão das medições e a confiabilidade do sistema.

Compatibilidade e manutenção

Antes de escolher um sensor, é importante verificar a compatibilidade com o sistema de controle ou monitoramento a ser utilizado. Além disso, é importante avaliar a necessidade de calibração e manutenção periódica do sensor para garantir a precisão das medições ao longo do tempo.

Conclusão

Em resumo, a seleção adequada de um sensor de temperatura envolve a identificação da faixa de temperatura e o tipo de sensor adequado, a verificação da exatidão e precisão do sensor, a avaliação das condições ambientais e das limitações de espaço, a consideração do custo e das necessidades do projeto, a verificação da compatibilidade e a avaliação da necessidade de calibração e manutenção periódica. Consultar especialistas e fornecedores de sensores pode ser útil para obter recomendações e informações adicionais.